Confesso que ás
vezes me causa perplexidade e indignação a forma das aparências serem expostas,
ou até avaliadas. Perplexo por notar a falta de percepção dos que se atem só e
somente só ao estereótipo do visual superficial, e indignado pela avaliação
feita baseado apenas no que os olhos vem.
Seguindo esta
linha de análise, encontramos gente aguçando o ciúme ou inveja, como queiram,
no outro que não tem o que ele tem, ou o que queria ter antes dele ter. E neste
ponto encontramos amigos se distanciando, irmãos rompendo a unidade,
subalternos se indispondo contra seus superiores, membros de igrejas denegrindo
a imagem do seu Pastor, e assim por diante.
Quanta gente é
avaliada pelo que possui! E aí se deixa prá trás caráter, moral, ética e tantos
outros atributos fora de moda hoje em dia. Então o indivíduo vale pelo carro
que tem, pela casa e sua mobília, pela escola que o filho estuda, mas ninguém
sabe o custo e a dor-de-cabeça que isto tem causado, para que toda esta
parafernália seja mantida, a fim de que a aparência seja de um bem-sucedido.
Quanto casal posando de Romeu e Julieta, cheio de amor e
beijinhos, mas só fora do arraial doméstico, porque lá, o nojo um do outro é
que impera; porque dentro das quatro paredes do quarto não tem mais nada para
dar um ao outro até porque a traição quebrou o pouco que restava, e tudo agora
é aparência, que quase hermeticamente guardada em seus porões, a muito custo se
esbalda lá fora cínica e mecanicamente, e só isto.
Quanto membro de
Igreja, que chora, ora, e canta coreograficamente no templo, e fora dele, na
surdina, só fala mal dos seus irmãos, e não poupa nem a figura do seu Pastor,
mas aos olhos da Comunidade parece ser o indivíduo mais santo da cidade.
Assim que tanto os
que são avaliados pelo que possuem, e que ás vezes é muito pouco; como o casal
que se apresenta com um amor de novela; e como o igrejeiro que de crente não
tem nada, vão ter um dia que abrir os porões de suas aparências e mostrá-los,
porque nada fica escondido que não venha á luz; nada fica parecendo com o que
não é, sem que se mostre de fato o que é.
Portanto que
sejamos francos em mostrar o que somos por dentro, e tenhamos um critério mais
sério para que, se querer julgar alguém, o que não é competência de ninguém,
que faça de forma que a medida de referência não seja a aparência, porque as
aparências enganam, e como enganam!
Lembram do dia em que Samuel foi até a casa de Jessé para
ungir a Davi como rei? Pois é, cuidemos para que não sejamos levados a medir
apenas pelas aparências, até porque servimos a um Deus que conhece tudo a nosso
respeito.
Tenham todos uma
semana de transparência, e abençoadíssima.
Abraço e bênção.
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